O poema que eu gosto, tem que ser aquele que a gente lê uma vez só, e nunca mais esquece.
O poema que eu gosto, é aquele que a gente decora e recita por uma vida inteira.
O poema que eu gosto, é aquele que permanece deitado dentro d’alma feito pedra atirada no fundo de um lago.
O poema que eu gosto, tem que ser simples que até uma criança entende. Tem que ser construídos com palavras fortes, porém singelas. Tem que fazer acordar as pessoas. Tem que trazer mensagens ao alcance de todos: cultos e incultos.
O poema que eu gosto, não pode ser composto em jogo de palavras avulsas, ilógicas, que não combinam, que não formam raciocínios inteligíveis, como se fossem o resultado de uma explosão numa tipografia.
O poema que eu gosto, pode falar de amor, de desamor, de alegrias e de tristesas... mas na conclusão final, que me traga algo novo, ainda impensado.
O poema que eu gosto, tem que ter alma de gente comum, que vive o mesmo dia a dia, que vêem o mundo com os mesmos olhos.
O bom poeta é aquele que sabe escrever para os outros, e não para si mesmo.
Sueli Gallacci.
Sueli Gallacci.
Extraído da entrevista com Elisa Lucinda.
Jornalista: Quais as obras essenciais para qualquer poeta?
Elisa Lucinda: Toda a obra de Pessoa, Drummond, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Adélia Prado e Manoel de Barros para aprender o simples.
Aviso da Lua que Menstrua
Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
(Elisa Lucinda)
Su, esse jogo de palavras fascina-me! Muito bom! Respondi seu comentário no Fenixando assim: "Sabe, Maria Sueli, você tem razão. Outro dia falei para minha irmã que meus amigos estão em primeiro lugar e ela fez beicinho. Então eu lhe disse para deixar de ser bobinha, pois ela era uma das minhas melhores "amigas"! E por isso eu a amava tanto (não por ser minha irmã). Obrigada, querida." .... Beijos!!!
ResponderExcluirFascinante este teu texto tão poético.
ResponderExcluirlindo o teu anjo, com certeza orgulho da vovó, q é tão linda.
Obrigada por me visitar, assim tive a oportunidade de conhecer o teu blog.
Mariana, linda é vc...Adorei te visitar.
ResponderExcluirObrigada pela visita e por ter reparado no meu anjinho querubim rsss
Vc está certa, ele é meu orgulho, meu maior tesouro, um verdadeiro presente de Deus que demorou um pouco, mas chegou para colorir ainda mais a minha vida... eu que já era tão coruja, agora então...hehehe
Oi, Su; concordo inteiramente. Tanto faz poetas clássicos como novos, o poema tem de bater na alma, entrar no espírito. Existem poemas que gosto imensamente, e quando coloco algum em meu blog, é porque bateu forte. Mas isso acontece com tudo, com romance, crônica, conto, obras de arte... Sei por que falaste isso; é porque existem coisas, principalmente poemas, que não entendemos, que não sabemos o que o poeta quis dizer... Aí fica difícil, não tem dúvida. Escrever simples é uma das coisas mais difíceis... E como é belo.
ResponderExcluirLembras do nosso tempo de colégio em que nos davam os clássicos para lermos? Alguém gostava? Muitos nem entendiam. E assim se formaram muitas gerações: leia, leia... mesmo que não entenda! Que saco era aquilo... hoje as coisas mudaram, mas aquele ‘ranço’ ainda ronda nossos alunos.
Beijão
Tais luso
Sueli,
ResponderExcluirSou um frustrado por não saber escrever poemas. Mas amo poesia. Entretanto, devo confessar que há muito menos coisa que me toca do que vejo as pessoas afirmarem que tocam a elas. Gosto de muito menos coisas, em matéria de poesia, do que a turma por aí.
Concordo com vc! Mas uso para mim uma palavra que é essencial quando se trata de poemas: impacto. Se o poema não me impactar, não gosto. Tem de ser contundente! Aí sim, como vc diz, marca para a vida toda!
Aí vai o meu trecho predileto, de toda a poesia que já li:
"Não há guarda-chuva
contra o tempo/
rio fluindo sob a casa/ correnteza
carregando os dias/ os cabelos."
por João Cabral de Melo Neto
bjão pra vc!
Cesar
em tempo: e parabéns, pois o poema que criaste, para explicar sua predileção, tem impacto!
Boa tarde, Sueli.
ResponderExcluirObrigada pela visita volte sempre, gosto de trocar idéias, tive na infância uma amada amiguinha o nome dela era o seu.
Renata
Oi Sueli!
ResponderExcluirLinda postagem! Concordo com você...
"aquele que a gente lê uma vez só, e nunca mais esquece."
Obrigada pela visita!
Beijos
Lia
Blog Reticências...
Querida Sueli,
ResponderExcluircoincidência ou não, o poema que eu gosto foi lido inúmeras vezes mas, o recebi uma só e hoje foi postado no meu blog!!!
Muito bom ter lido o que vc escreveu depois de ter postado o meu preferido la! Sintonia!!!
Bjo grande!
Texto fascinante, amiga! Adorei!
ResponderExcluirBjkas, muitas!