Se queres me conhecer
Tens que filosofar...
Tens que tocar na estrela fria
Transcendentalmente,
E,
inconsequentemente,
Deixar-se queimar...
Brilhos passageiros,
Luzes forasteiras
Tens que apagar.
Tens que caminhar pelo reflexo da lua
Sem afundar.
Dançar na corda bamba,
E no asfalto,
Se equilibrar.
Pelos jardins secretos do meu ser
Tens que navegar.
E, entre o sim e o não,
Deves aportar.
Tens que olhar no fundo dos meus olhos
E ver as cores que sou.
Que não sou,
Que não quero ser,
Que ainda serei,
Que ainda vou apagar...
Tens que colher gestos corriqueiros,
Risos prematuros,
Lágrimas furtivas,
Afagos ligeiros.
Tens que saber das dores,
Dos amores,
Do riso à toa,
Das vontades
E das verdades...
Das entrelinhas tens que saber.
Nos vãos,
Nas brechas,
Nos esconderijos
Do ser.
Sou calabouço de poesias esquecidas,
Mais mortas que vivas.
Por displicência,
Conveniência.
Mas, sou atrevida,
Precavida
De cartas nas mangas.
Ligeiras,
Presumidas.
Minhas frágeis certezas
São promessas perdidas
No tempo esgotado
Que não quer mais voltar...
Hoje, sou a única protagonista
Dessas noites roubadas.
Não percebestes?
-Sueli Gallacci
Que lindoooooo! E bota filosofar nisso... Entender um leonino não é pra qualquer um! Mas vale a pena; só vale. Passam os dias e quando penso que você vai se aquetar, que vai se enrolar nas tintas rebeldes do teu ser, aparece com um poema desses, lindo, bem escrito, bem pensado, criativo...
ResponderExcluirSó posso dizer: parabéns, moça, um feliz 8 de março!
Beijo grande, poeta, artista, cronista... e o resto digo por email, com aquela velha vontade de implicar! kkkk
Ah, esqueci... quando eu crescer, quero também ser poeta! kk
ResponderExcluirbjs.
Olá amiga você que está sempre presente em meu cantinho, eu venho lhe agradecer de todo o coração, o carinho de sua presença. Que Deus a abençoe e guarde, hoje e sempre. Assim que poder voltarei. Tenha um lindo fim de semana coberta de muita paz e amor! Com carinho Maria Alice. Obrigadoooooooooooo!!!!!
ResponderExcluir"Sou calabouço
ResponderExcluirDe poesias escondidas,
Mais mortas que vivas,
Por displicência,
Conveniência,
Que versos lindos!!!
Penso em que estágio se encontra o poeta ao nos emocionar tanto assim .
Deverias escrever mais.
Acabaste de pintar um quadro ao poetizar.
Um grande abraço Sueli
Um bom final de semana.
Obrigada amiga!
ResponderExcluirO estagio?... Vc deve saber, já que escreve coisas tão lindas...
Há algum tempo, eu nem te conhecia ainda, entrei no seu blog por acaso. Encontrei lá um poema que me encantou. Eu o copiei e colei nos meus guardados. Só na semana passada descobri que era seu rsrs.
Esse:
Quero reencontrar
Os ventos
Que trazem os perfumes
Aromas encantados
Impregnados
Dos nossos sonhos adolescentes
Essências em espirais,
Nas ruas
Ao longo dos passeios
Por onde andávamos
Sem perceber o tempo
Eu e você
A sós.
Quem sabe os inventamos,
Para não esquecermos jamais
De nós!
Eu achei de uma beleza tão grande esse poema, tão singelo... Parabéns Lourdinha! Vc que não deve nunca parar de escrever!
Bjobjo!! Linda semana!
Obrigada por tudo e ainda mais pelo carinho de abrir em suas páginas um espaço para o meu poema. Atitudes assim, fazem a diferença significam muito para mim. Estou aqui com dificuldade para escrever, meus óculos se partiram ao meio , tenho que escrever sem eles e depois os seguro com as duas mãos, para conferir tudo. Mas é com imenso prazer que volto aqui para te agradecer e te desejar muitas alegrias e sonhos realizados.
ResponderExcluirAdoro seus poemas, eles nos alcançam e expõem o que por vezes silenciamos dentro de nós.
Adorei. bjs
Sabe de uma coisa, Sueli? Tenho uma enorme dificuldade para comentar poemas e obras de arte!!!
ResponderExcluirTenho lido e relido este post seu, fico arrepiada com sua veia poética que produz maravilhas, fico realmente encantada! Mas leio e calo, como se depois do último verso não coubessem minhas palavras... Também sou assim em relação as artes, não gosto muito de comentar, pois fazê-lo me dá a sensação de estar resumindo algo que não pode ser resumido, pois inevitavelmente trechos fundamentais serão omitidos.
E assim é com este poema seu, ele é lindo simplesmente, perfeito!
Isso é tudo o que tenho a dizer, minha querida amiga poeta. Você é incrível!
Beijos
Suzy, minha linda!
ExcluirSó o fato de saber que vc esteve aqui e leu minhas 'escrivinhações' já me deixa super feliz!!... Sentir é mais do que dizer algo. Isso não quer dizer que estou liberando-a dos comentários, viu... rsrs. Adoro todos eles, ainda que fossem resumidos em apenas uma frase!! Tudo que vc escreve reflete a pessoa linda que vc é! Sua alma deve ser um jardim com borboletas coloridas...
Obrigada amiga!
bjobjo!!!
De um existencialismo magnífico, APLAUSOS DE PÉ!!!
ResponderExcluirObrigada poeta pelo seu carinho...
ExcluirOuvi daqui seu aplauso.
Grande abraço, bom ver vc aqui.
Belos versos Suave Sueli...
ResponderExcluirSabe... agora estou ouvindo Cartola...
Sismei...
Sabe... fico pensando: como pode uma pessoa com tanto sofrimento
Fazer as Rosas Falarem?...
Mas a resposta está na cara:
Poesia é um pedaço de Deus que temos todos nós...
É só deixar que ela brote... cresça... floresça... que fale, enfim
Outro dia estava ouvindo Paulo Vazolini... Adoniran... agentes de Deus na Terra...
Aliás, também chamados de Anjos...
Tive pretensões de compor um Samba pra eles... Paulistas da Gema... ou da Garoa...
Sampa tem tamborim e tantan
Vanzolini e Adoniran
Meu Sampa tem
pressa de pegar trem
Não usa o breque
jeito moleque...
Puxa, que falta de assunto Suave Sueli...
... Seus belos versos falam por si...
bjs, PF
Ah! Como queria responder esse comentário com outro samba à moda Adoniran, que paulista igual não há... Mas vou de Adélia Prado: “Às vezes Deus me tira a poesia. Eu olho pedra e vejo pedra mesmo” Espero que Ele me devolva logo...rs
ExcluirMuito bom ter vc aqui! Obrigada sempre! Beijo!
Bem lembrado, Suave Sueli... e veja esta:
Excluir"O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta."...
Adélia sintetiza aqui a parição poética... digamos, então:
A poesia é gestada e já tem vida antes da luz ser dada... basta que haja um agente para trazê-la
Parafraseando Michelangelo, tira-se do texto as palavras que não são poéticas... como da pedra o que não é arte...
... e... pluft... eis que surge... como em seus versos:
"Tens que caminhar pelos reflexos da lua
Sem afundar [...]
Sou calabouço de poesias esquecidas,
Mais mortas que vivas."
Então, amiga e colega de ofício de fé, se "mais mortas" porém ainda "vivas", portanto pronta para serem retiradas do "calaboço"... saindo do mofo do esquecimento...
Já sobre a sua "lua" que reflete a luz que ajuda a "caminhar"...
ah... para esta caríssima tenho especial apreço (seria por ser persona canceriana... isto seria ao menos um outro componente poético)...
Te deixo a derradeira "ode" à Caríssima:
CHORAMINGUANDO
Lua derrama
Lágrimas de luz
Que escorrem pelas nuvens
Chora sua partida
Indo embora lentamente
Cumprindo o calendário cíclico
Esconde-se na sombra
Guarda um pouco de brilho
No misterioso lado oculto
Arfando cintilante
O peito do firmamento
Avermelhando os olhos da noite
E recolhe-se suave
Envolvendo-se no lençol escuro
Resignando-se ao destino esmo
Enluarando-se em si mesmo
PF – 23/02/2014 (23:07h)
Paolla!
ExcluirInteressante analogia sobre meu poema, gostei de verdade!
“Caminhar sobre o reflexo da lua [na água] sem afundar” prefigura a realização de um milagre, foi nisso que pensei... rs
“Sou calabouço de poesias esquecidas mais mortas que vivas”... Certa ocasião deletei meus poemas, ficaram sem nenhum registro... Vc já ‘catou’ feijão alguma vez em sua vida? É semelhante ao que faço hoje: vivo ‘catando’ uma palavra ou outra, aqui e ali que ficaram aprisionadas no calabouço da memória. Tento juntá-las e dar o mesmo sentido de antes.
Entretanto, poesia não se explica, se sente e se interpreta por súbita epifania filosófica, pessoal e intransferível... Nem sempre em sintonia entre poeta e leitor, mas aí está a maravilhosa liberdade do pensar diferente.
Sobre seu poema: Divino! No meu ‘pensar diferente’ vc elucidou que até a lua sofre com a partida.
Bjobjo!!
... Lua, sofre por estar minguando... mas tem 4 fases para ser duplamente "bi-polar"... rsrs... seguem noutras fases...
ResponderExcluir(bjs e tks pela gentileza de sempre em "tolerar" minhas linhas)
LUARADA
Lua ao longe me ensina
Uma melodia de luz.
Lua calma e serena,
Sábia e clara lição.
Lua boiando no céu,
Feito espuma de sabão.
Lua moça vaidosa,
Rosto envolto em véu.
Lua farol que me guia
No mar da vida infinita.
Lua me conta em sussurro,
Os segredos do meu destino.
Lua da gravura na parede,
Pendurada na mente do menino.
Lua, lua, lua, lua,
Deixe-me te ninar.
Lua, lua, lua, lua,
Quero ser teu luar.
PF – 14/04/2000 02:00h
(madrugada de Lua Nova)
Vou me apressar em escrever um poema ao Sol - meu astro regente - pq não posso ficar por baixo kkkk
ExcluirBelíssimo esse tbm!... Ah, difícil escolha!... fico com os 2!
ah... minha ensolarada amiga... sobre o Sol me parece que Nelson Cavaquinho já disse quase tudo...
ResponderExcluir"Tire seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O SOL não pode viver perto da Lua"
... muito, não acha?!...
DESOLADA
ResponderExcluirHoje acordei
Achando que havia
Apagado o Sol
Pensei logo nas cores:
O que será delas
Sem a luz do Sol
Pensei no arco-íris:
Como filtrar gotículas
Sem o espectro de Sol
Pensei no girassol:
Pra onde se voltar
Sem a orientação do Sol
Pensei na música:
Como deslizar na pauta
Sem uma clave de Sol
Pensei na Lua:
De todas a única
Que existe pelo Sol
PF – 27/03/2014 (13:40h)
... segue um presente grego... rsrs...
ResponderExcluirMITOLÓGICO
Como uma Penélope contemporânea
A espera de um Ulisses improvável
Vou tecendo amor impossível
E no fio tênue da vida
Entrelaço momentos passados
Desmanchando a era perdida
Nesta renovada Odisséia
Busco na luta incessante
Minha sonhada epopéia
Faço da perda uma jóia
Me iludo ser feliz
Crio meu cavalo de Tróia
E contemporizo com Cronos
Na distância das horas
Te encontrando nos sonhos
Acredito no mar bravio
Que Netuno te devolverá
Em seus braços navio
E à beira do mar Egeu
Gerado por minhas lágrimas
Aguardo a nau do beijo seu
Temo a toda hora
Estar meu mundo prestes
A abrir a caixa de Pandora
Então jogo minhas linhas fora
05/04/2014 (10:49h)