“O sonho encheu a noite. Extravasou pro meu dia. Encheu minha vida e é dele que eu vou viver. Porque sonho não morre” (Adélia Prado)

29 de dez. de 2010

...e assim caminha a humanidade.


Eu havia decidido que não escreveria nada sobre o Ano Novo que se aproxima e nem sobre o Ano Velho que agoniza.

Entretanto, lendo alguns textos nos blogs dos amigos, sobre essa tradição de celebrarmos cheios de esperança e otimismo a cada novo ano que se aproxima, me fez pensar no assunto. A minha opinião sobre isso é que tudo não passa de mudança de calendário, apenas. E eu, como todos da humanidade, teremos em 2011 dias bons e dias ruins, faz parte da vida. Dessa vida.

Nada, ou quase nada vai mudar a partir do dia primeiro, a não ser o fato de que todos nós nos lembraremos de desejar felicidades eternas uns aos outros, e desejamos mesmo, de coração, que todos sejam felizes!

Felicidade!

Essa palavrinha tão batida é tudo que queremos e procuramos, mesmo antes de aprendermos a juntar as letrinhas e escrevê-la. Mas será que estamos procurando no lugar certo? Tantas verdades foram nos ensinadas para encontrá-la, mas que na realidade não seguimos. Procuramos por ela por conta própria, como seres autômos, andando pela vida sempre senhores do nosso próprio destino, e até nos orgulhamos da nossa autossuficiência.

E nesse processo, enquanto corremos atrás da felicidade, sacrificamos nossas vidas, pessoas, animais, plantas e o próprio meio ambiente. Sacrificamos o planeta que é o nosso único lar.

É isso aí, somos a raça humana, a perfeita criação de Deus! E como somos espertos!... Diplomados em dar um jeitinho nas nossas cagadas.

Andei pesquisando se existe a tal receita da verdadeira felicidade e descobri coisas interessantes. Descobri, por exemplo, que todos nós seriamos mais felizes se praticássemos a compaixão. E que se promovermos o bem apenas para nós mesmos, esquecendo-nos dos demais, estaremos contribuindo para acentuar o desequilíbrio da grande engrenagem do universo. Para que fosse possível a ocorrência da felicidade, esta deveria abranger todos os seres, quando então, não haveria qualquer tipo de desequilíbrio ou desarmonia.

Descobri também a diferença entre compaixão e sentir pena de alguém.

Sentir pena de alguém significa que nos sentimos numa condição melhor, e às vezes estamos mesmo, materialmente falando. Apenas materialmente, pois somos todos vulneráveis às tragédias, doenças e infortúnios. Não acontece somente com os nossos vizinhos.

Ter compaixão, no entanto, é uma doação de amor incondicional para que o outro consiga superar suas dificuldades. A compaixão exige que nos coloquemos no lugar daquele que está sofrendo. Exige que estejamos presentes, que sejamos atuantes, que nos posicionemos. Exige, enfim, a nossa disponibilidade para ofertar algo de nós mesmo, para que o problema em questão se resolva e aquele ser envolvido possa finalmente sair daquela situação. É cuidar para que o outro possa levantar-se e caminhar.

Será que algum de nós está disposto a sair do seu comodismo, a abrir mão do seu compromisso, a adiar uma viagem, um passeio em prol de algum sofredor? É provável que não. Mas como somos bonzinhos, sentimos pena. Somos capazes de nos comover com o sofrimento do outro, porém, o mundo não precisa de nossas lágrimas.

O que o sofredor precisa é da empatia e da nossa profunda compreensão e consequente comunhão com o sofrimento dele.

Jesus, o homem sem pecados, nos ensinou a lição de casa. Ele consolou os desconsolados, deu de comer aos famintos, curou os doentes, ressuscitou os mortos, e fez muito mais, nos deu genuína esperança para o futuro. É verdade que ele tinha que provar para aquele povo suas verdadeiras credenciais como o filho do Deus Altíssimo, mas sua principal motivação foi a compaixão que ele sentia.

Ok, não estamos com essa bola toda, mas cá entre nós, não fazemos nem o que está ao nosso alcance!E o lado triste de tudo isso é que podemos. Fomos criados à imgem e semelhança de Deus no sentido de que possuímos muitas qualidades que desconhecemos porque não as exercitamos.

O mesmo Homem que nunca pecou, disse em outras palavras: "Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em seu próprio íntimo. Nada lhe posso dar a não ser a verdade, a oportunidade, o impulso, a chave e a vida"

Que Deus tenha piedade de nós em 2011.

17 de dez. de 2010

2 de dez. de 2010

PARA OS AMIGOS BLOGUEIROS





A culpa é dele!!!

Com frequência tenho lido textos nos blogs sobre o comportamento dos blogueiros na blogosfera.
 
Resolvi escrever sobre o assunto, mas não no formato dos demais, e sim para falar de mim, de como o meu comportamento pode estar sendo mal interpretado.
 
Não preparei nada com antecedência, agora são 12h31min dessa quinta-feira e eu sentei aqui já mandando bala, sem rodeios, e de coração aberto.
 
Digo com toda sinceridade que me é peculiar que gostaria imensamente de poder visitar, ler e comentar todos os blogs que me agradam, e são muuuuuuuuitos! Mas isso não é possível. Não da maneira que eu gosto, me falta tempo.
 
O TEMPO MALDITO!
 
Estou começando a achar que esse “fulano” é meu inimigo e se faz mais curto só para me sacanear. É claro que se for para eu entrar num blog e não ler nada, ou ler o início e pular para o fim, e depois, deixar um breve comentário bem basiquinho, tudo mudaria. Mas definitivamente não é isso que eu quero!
 
Às vezes, meu tempo é tão curto que tenho que escolher entre ler e comentar. Decido ler e deixar o comentário para depois. Óbvio, 5 segundos depois que eu fecho a página, já esqueci.
 
Nunca fui boa com esse negócio de administrar o tempo e acho que é um pouco tarde para eu aprender, mas continuo tentando. Sem resultado, naturalmente, pois vivo atrasada, enrolada e volta e meia me metendo em confusão por conta disso.  Eu já perguntei para minha mãe se eu nasci atrasada, mas ela jura que não rsrs.
 
Mas apesar de tudo, não sou pessoa de desistir facilmente de um objetivo e tentei mais uma vez administrar meu tempo e estipulei “um tempo” para blogar.Decidi que dedicaria dois dias seguidos para postar, visitar os blogs dos amigos, ler tudinho de cabo a rabo e comentar. Isso aconteceria entre o término de um trabalho e o começo de outro, sem dias fixos. Assim, enquanto estivesse pintando, todos os meus 2 neurônios ficariam aprisionados com direito a um curto passeio entre a paleta e a tela hehehe.
 
Como toda ideia mirabolante que eu tenho, essa também não foi uma boa ideia. Vou explicar de um jeito curto e grosso: ficou parecendo que eu só comento os blogs dos amigos quando eu posto alguma coisa e quero comentários. Ficou parecendo, mas não foi minha intenção. Não mesmo! 
Isso ficou evidente quando alguns amigos sumiram do meu blog. Pode não parecer, mas eu sou uma pessoa muito ocupada, viu... rsrs. Essa história de que todo artista é meio vagabundo é puro folclore rsrs. E eu nem poderia escrever essa palavra (vagabundo) no feminino hahaha.
 
Meus amigos blogueiros me deem um desconto, me xinguem, escrevam uns adjetivos esculachativos, mas voltem...

19 de nov. de 2010

É O BICHO!


Outro dia assisti na TV uma entrevista com um psicanalista de animais – Já existe isso, tempos modernos... Eu logo fiquei imaginando um cachorro de rua deitado num divã dizendo ninguém me ama, ninguém me quer...

Mas não é bem assim que acontece a psicanálise. O “Doutor” observa o comportamento do bicho e tenta descobrir as causas do desvio de personalidade. Ele disse que quase sempre chega à conclusão que a culpa é do dono, ou seja, se eles vão ser dóceis, violentos ou agitados, tudo depende de nós. Os animais também são produtos do meio.

Diante dessa revelação, devo confessar que fiquei um tanto preocupada, pois deve ter alguém com sérios desvios de comportamento aqui na minha casa. Só isso explica os bichos aloprados que eu tenho.

A começar pela bela Vera Lúcia, uma legítima Yorkshire de pelos fartos, macios, esvoaçantes, porte elegante, olhos faiscantes e etc., etc., etc...

Quando ela chegou à idade adulta, me deslumbrei com tanta beleza e meus olhos saltaram em cifras ($$$$) imaginando os lucros que ela me daria com seus filhotes. Tratei logo de lhe comprar um marido de fina estirpe com pedigree internacional. O nome dele é Bernardo, um maníaco por tornozelos de carteiro. Tenho que dar um desconto, pois é o único lugar que ele alcança. Isso lhe rendeu o apelido de “fura-meias”. (pelas mordidas, viu, gente, não levem na maldade).

Entretanto, as minhas cifras foram para o ralo quando descobri que ela, a minha bela e doce Verinha, era mesmo apaixonada pelo Bartô - o gato.
Não tive alternativa, a não ser comprar outra esposa para o Bernardinho e aliviar meu prejuízo: A Isabelle (Belinha para os íntimos) que também tem lá suas esquisitices, mas o enlace se consumou.

E por falar no gato, o nome dele é Bartolomeu, mas bem que poderia ser BartoloMALA, ô gato inconveniente, viu!... Nós o chamamos simplesmente de Bartô. Ele é um persa azul-cinza gigante, com muito pelo e nenhum caráter. Ele é convicto de que a casa é dele e nós somos os intrusos. E como incomoda! Sobe em todos os lugares e volta e meia me dá um tremendo susto pulando em cima do meu teclado hdg87#@!(??5hd4*¨432@dbg)+#.

Certa vez, ele virou a tela do meu computador e eu passei três dias com torcicolo até descobrir como desvirava. E se pego pesado na bronca, ele se vinga: entra no meu ateliê e imprime todas as suas digitais nas minhas pinturas molhadas.
 

É um entra-e-sai infernal o dia todo! Mia pelo lado de fora pra entrar, depois, mia pelo lado de dentro pra sair... Já pensei até em contratar um porteiro só pra ele.

E como se não bastasse, sofre de uma profunda crise de identidade, pois volta e meia se comporta como cachorro: atende pelo nome e ainda balança o rabo. De uns tempos prá cá, só come ração canina e quando insisto com a dele, faz aquela cara de
merci, tenho nojo.

E ainda tem os presentes de grego que ele caça no mato e traz para nós. Tem todo o cuidado de depositar bem no meio da sala de estar. Na hora de sacanear, ele é gato.

Mas devo dizer que o Bartô não é lá muito esperto. Esperto mesmo é o Juca - o meu tucano. Um dia eu o encontrei desmaiado no piso do viveiro. Entrei em pânico e o reanimei. Dias depois, o vi despencar do poleiro e ficar lá, duro, de perninhas pro ar  parecendo morto. Entrei em desespero e passei a procurar como louca por um veterinário de aves.

Não foi necessário. Logo descobri que ele se fingia de morto toda vez que o Bartô se aproximava do viveiro. Confesso que senti uma pontinha de satisfação ao descobrir que alguém estava se vingando do gato-mala por mim. Hehehe.

O que o Juca tem de esperteza, o Chicão tem de rebeldia. Ele é um Jaboti com cerca de 80 anos. Pelo menos foi o que me disse um “especialista” que contou os elos do seu casco. É um bicho enorme, parece um banquinho. Creio que se alguém sentar nele, ele carrega.

O negócio dele é fugir de casa. Ele nem sabe pra onde ir, mas continua fugindo. Acho que está gagá, o coitado. Nós aqui em casa já não nos preocupamos, pois sempre tem alguém que vem devolvê-lo – o Nono, como é conhecido aqui no condomínio.

Um dia tocou o telefone, eu atendi. Era o porteiro e a conversa foi mais ou menos assim:



- Alô.

- Dona Sueli?

- Sim, sou eu.

- A senhora pode vir aqui na portaria?

- Agora?... Estou um pouco ocupada...

- Eu calculo que pode ser dentro de uns 30 minutos.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, senhora. Só quero que a Senhora venha buscar o Nono.

- Ele está aí?

- De jeito nenhum! A senhora sabe que eu morro de medo desse bicho.

- E onde ele está?

- Está subindo a rua em minha direção.


Ai, ai, eu me divirto à beça com meus bichos!

Mas nessa minha narrativa eu jamais poderia deixar de fora o Incrível Hulk, ou apenas Hulk como o chamamos: A criatura verde.

Verde e gozadora. Caráter, também, é uma coisa que passa longe dele!

Os papagaios não formulam frases, eles apenas repetem o que ouvem. Como eu fico mais em casa, ele imita perfeitamente a minha risada e repete tudo que eu digo, e é aí que mora o perigo!

Quando estou no meu ateliê pintando, eu entro em outro mundo e detesto ser interrompida. Aí, toca a campainha, eu presumo logo que a visita é pra mim e exclamo: Visita, que bosta! O resultado disso é que toda vez que eu recebo uma visita o Hulk dispara: Visita! Que bosta! Visita! Que bosta! Visita! Que bosta!... E ainda por cima, intercala com a minha risada!

Aaaaaa, um dia perdi a paciência e lacrei o bico dele com fita crepe!

Agora, porém, não tenho mais como fazer isso, e só me resta passar por esse vexame desde que eu o premiei com a liberdade.

Foi no ano passado que eu notei que ele ficava doidão toda vez que um bando de papagaios passava voando por aqui. Então, eu abri a portinhola do seu viveiro e disse: “Quando se sentir pronto pode partir”.

Demorou três meses até ele descobrir que podia voar. Um dia pela manhã, eu estava na cozinha preparando meu café e ouvi um farfalhar exagerado. Olhei pela janela e vi uma coisa verde voando toda desengonçada: parecia uma borboleta gigante com soluços.

Ele permaneceu na mata por vários dias, mas sempre nos arredores da casa. Eu sentia um aperto no peito toda manhã quando saia para o jardim e ouvia aquela “voizinha” familiar: Bom dia mamãe!... E eu respondia: Bom dia loro!

Eu não podia vê-lo em meio a tanto verde, mas ele me via e ficava esperando eu acordar.

O nosso amor foi maior e não rolou a separação. Certa tarde, ele voltou e fixou residência no telhado do viveiro.

Voltou para continuar me atormentando e me fazer pagar uns micões ainda piores, pois agora ele é livre e faz pleno uso do ir e vir.

Apesar disso, a sua volta foi a melhor coisa que me aconteceu. Descobri que sem ele, a minha vida não tem a menor graça!

Sem ele e sem os outros, que, apesar de loucos, eu os amo demaissssssssssssssss

11 de nov. de 2010

EU NÃO AGUENTO AMIGA LOUKA!


Não há nada melhor do que ter o privilégio de sentar à frente do computador e desabafar. A gente vai escrevendo, escrevendo, sem se preocupar em buscar palavras bonitas para impressionar. Tudo que mais queremos é botar pra fora o que está atravessado na goela e que pode machucar se não vomitarmos.

Como vocês leram no título, vou escrever sobre amiga
louka, assim mesmo com “K”, só pra mostrar que além de louka, é esquisita, afetada, sem noção... Uma pessoa que se não for o caso para internação, pelo menos de um bom psiquiatra precisa, ah, isso precisa!

Se você ainda não tem uma em sua vida, um dia vai ter, isso é tão certo como o sol vai nascer amanhã, pois elas andam por aí, soltas, prontas para abrir aquela boca enorme que abriga uma língua quilométrica e acabar com a tua reputação de boa menina (ou bom menino, pois a espécie ataca homens, também).

São aquelas que tem piti por qualquer motivo, emburra feito criança, entende tudo errado e nos deixa com aquela cara de
“o que foi que eu fiz?”
 

O pior é que isso acontece de uma hora para outra, sem nenhum aviso prévio. Gente louka é assim, muda junto com as fazes da lua, e eu, que me considero uma pessoa normal, não tenho fases, não entendo, fico boiando igual bosta n’água no Rio Tietê.

Gente desse tipo se sente o centro do universo e espera que todos os holofotes estejam voltados para ela. E lá num dia qualquer, você, tão distraída, esquece de elogiar uma roupa, uma atitude, ou qualquer coisa do gênero, e pronto! Você cometeu o crime do século e não merece perdão.

Sinceramente, tenho vontade de mandar catar coquinhos. Eu, hem, que doidera!

Falando francamente, não entendo
o tipo e fico me perguntando se relacionamento é isso, uma rasgação de seda sem fim, ou um infinito explicar tim-tim por tim-tim. 

Afinal, quem ela pensa que é, a Rainha de Sabá?

Fico me perguntando se meus amigos realmente me conhecem o suficiente para saberem que os tenho na mais alta estima e não preciso ficar o tempo todo repetindo isso, pois vai chegar uma hora que não parecerá verdade, e sim, uma “fala” ensaiada, uma obrigação sem nenhum valor.

Eu não "me ligo" em certas datas ou fatos e não gosto de ficar me policiando o tempo todo "n
ão posso esquecer-me de fazer isso ou aquilo, se não, a fulana vai logo concluir que eu não me importo..." Pô, minhas amigas, minha amizade não pode ser medida por uma frase que eu deixei de dizer: Feliz Aniversário, por exemplo... Quero que a minha amizade seja medida pelas palavras certas que eu digo nas horas certas, quando necessarias. É claro que eu desejo que todos os meus amigos tenham dias felizes, e se possível, todos os 365 do ano, e não numa data específica da qual não me sinto na obrigação de lembrar.

Mas, o que se passou realmente, eu nunca vou saber, pois a
louka não fala. Ela conclui que me deixando na ignorância retém o poder só para ela, e me descabelar tentando descobrir faz parte dos seus planos de vingança. Não vou me descabelar, a louka é ela e não eu. hihihi

A minha visão dos fatos é a seguinte: não é de bom tom fazermos julgamentos apressados sobre as atitudes das pessoas – sobretudo, àquelas que chamamos de amigo. Portanto, se não estou agradando e não deseja mais a minha amizade, ótimo, se afaste, mas mande-me pelo menos um sinal de fumaça. Caso contrário, corro o risco de continuar chamando-a de amiga e eu não quero pagar esse mico-leão-dourado.

Não gosto de obrigatoriedade, quero mais é soltar as amarras e tudo o que mais desejo é cercar-me de pessoas livres, adultas e bem resolvidas, e não de crianças mimadas...

Já passou o tempo que eu tinha paciência para lidar com esse tipo de situação. O clima pesado que fica quando há esse tipo de mal entendido é péssimo e me bota pra baixo – justo eu que sou capaz de dar meus dois dentes da frente para manter meu alto astral.

Sabe quando eu vou entrar nesse jogo?... No dia que eu bater com a cabeça!

O mal estar se instala quando a criatura faz questão de deixar claro que somos culpados, embora não diga isso, mas as atitudes dizem. Ficamos sem ação e um enorme ponto de interrogação se interpõe como uma barreira intransponível, desestimulado qualquer tentativa de entendimento.

Nesse caso, há algumas opções: podemos ignorar e fingir que não é conosco - o que a fará parecer mais
louka ainda. Ou entrar logo na toca do lobo com a tal pergunta na ponta da língua “te fiz alguma coisa?”... Quem sabe podemos sacar da bolsa um cartãozinho e perguntar: vai um psiquiatra aí?

3 de nov. de 2010

HISTERIA VIRTUAL



Segunda feira, dez e pouco da manhã, não faz muito tempo que eu acordei. Aliás, eu nem acordei, tô meio ontem ainda. Só acordo depois que tomo meu cafezinho: preto e solúvel.
 
Para adiantar o expediente, subo até meu ateliê e ligo o computador, que por sinal está lerdo feito uma lesma manca. Não tenho paciência de ficar na frente dele esperando abrir aquela tela preta cheia de baboseiras escritas. Depois, a outra toda azul. E, antes de aparecer a foto do meu netinho (coisa fofa da vovó!), ainda tem aquela do “Bem vindo”... Na boa, gente, chego a suar de agonia... 

Minha mãe tem uma frase ótima que diz: “enquanto se descansa, carrega pedras” - o que quer dizer que enquanto esperamos por alguma coisa, fazemos outra. Seguindo à risca esse conselho, vou até o micro-ondas colocar minha caneca com água pra ferver para preparar o meu café: preto e solúvel.
 
Agora é aquele minuto que tenho que esperar na frente do forno que me irrita. Decido carregar mais pedras e volto ao computador. Agora sim, já posso acessar meus e-mails. A caixa está cheia, não tive tempo de abrir no final de semana.
 
Abro o primeiro: IMPORTANTE!!! REPASSEM!!! Cuidado ao tirar água fervendo do microondas, ela pode explodir na sua cara! Em seguida vem aquelas fotos horríveis com pessoas queimadas bem no meio da cara!... Mas que pontaria tem essa água! Fico xo-cada!!

E agora? – pergunto. Páro e penso: acho que vou até lá cutucar o botão com um cabo de vassoura. A porta abre, e então, arrumo um meio de pescar a caneca de lá de dentro... Isso não vai dar certo...

 
Decido chamar a secretária, antes a cara dela do que a minha. Afinal, gastei os olhos da cara com essa cara (desculpem o trocadilho).
 
Quando ela atende o meu chamado peço gentilmente que prepare o meu café: Omito os detalhes sórdidos.
 
De volta aos e-mails, abro o segundo: SORRIA!!! O sorriso faz bem ao coração, aos pulmões, ao fígado e aos intestinos... Se você quer ter uma vida longa e feliz, sorria!!... Vamos! O que está esperando? Comece agora mesmo, sorria sempre e por qualquer motivo...
 
Mas agora, assim de bate-pronto?... Tudo bem que eu tenho o riso frouxo e consigo rir até do Zorra Total, mas eu nem acordei ainda... nem tomei o meu café...
 
Só se eu for lá no blog do Cesar Cruz e reler aquela crônica engaçada Du Carvalho... Melhor não. Rir duas vezes da mesma piada parece coisa de retardado...
 
Decido ir para o próximo: HOJE É DIA DO ABRAÇO!!! Abrace seu vizinho, seu cachorro, o pasteleiro... O abraço rejuvenesce (opa!) faz bem ao espírito e não custa nada... Aproveite esse momento e abrace alguém que você nunca abraçou antes!
 
Só se eu abraçar o Seu Odorico que tá lá fora podando a grama... Isso não é uma boa idéia. Tenho pouco braço prá tanta circunferência.
 
Vou aos próximos: política, política, política, política, DELETO, agora, meu amigo, Inês é morta, e a Dirma já tá lá bem viva... mas continua, política, política, política... criança desaparecida, repasso... FIQUE ATENTO!!! O CORPO FALA!!! Sabe aquela dor de cabeça que insiste em não passar? São os maus pensamentos... Putz! Eu não devia ter assistido aquele filme de... deixa pra lá.
 
Hooooo! tem um dos bons aqui: ABRA SUAS CORTINAS E OLHE PELA JANELA!!!... Verás flores e borboletas saudando a primavera!... Eu abro e olho (pela janela). Tudo que vejo é só um bando de macacos aos gritos pedindo banana. AGORA NÃO! DÁ UM TEMPO!
 
Abro outro: CIENTIFICAMENTE PROVADO!!! Homens que saem para trair vestem camisa branca... Meu marido acabou de passar por mim, me deu um beijo e saiu. Eu estava tão distraída com os e-mails que não registrei a cor da camisa. Se eu descer as escadarias correndo e não quebrar uma perna, talvez chegue a tempo de alcançá-lo saindo da garagem e ver maldita cor... Consegui ver de relance: É BRANCA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
 
Cadê o telefone, CADÊ??? @c%$a&r#a@l+&h%#o*!!! Nunca acho o desgraçado quando preciso dele! Ah! Ótimo! Achei! Ligo no celular dele. Ele atende: “alô” “pode voltar agora mesmo!!”. “o quê?” “VOLTE-IMEDIATAMENTE-PRA-TROCAR-DE-CAMISA” “cê tomou seu remedinho hoje?”
 
Ele não voltou. Só me resta torcer para que esse seja mais um daqueles e-mails idiotas que recebemos diariamente. Como tem gente desocupada nesse mundo! 
Quer saber? Não vou mais perder meu precioso tempo com isso. Não vou mais acreditar nessas bobagens...
 
Mas só faltam dois para eu abrir. De repente, é justamente nesses que tem um bom conselho a seguir. Decido abrir.
 
O primeiro diz para eu fazer muito sexo. O segundo manda eu rezar.
 
Será que é necessariamente nessa ordem?

24 de out. de 2010

O "bom" da feijoada



Antes de tudo, quero agradecer imensamente a todos os amigos que comentaram nos dois últimos artigos que postei!

Foi bom demais poder notar que os comentários partiram de pessoas que realmente leram. Agradeço, também, os e-mails prá lá de especiais que recebi. (houve dois nada especiais rsrs). Fiquei imensamente feliz e aliviada ao mesmo tempo com o tipo de sentimento que despertei na maioria dos leitores.

De início, confesso que fiquei um pouco receosa em abordar um tema tão profundo como esse. Sei que quando falamos em Deus com as pessoas, e ainda por cima, o colocamos no centro de tudo na qualidade de Criador, é impossível agradar a gregos e troianos – mesmo dentre aqueles que afirmam acreditar Nele. E como era de se esperar, foi isso que aconteceu. Mas com uma ínfima minoria, felizmente. Além do mais, corre-se frequentemente o risco de sermos mal interpretados, ou tachados de pregadores chatos, ou ainda, fanáticos.

Não é o meu caso, não sou fanática, nem mesmo uma pessoa religiosa, eu sou. E também, não frequento e nem levanto nenhuma bandeira dessa ou daquela igreja.
Lembro ainda, que um dos sinônimos da palavra “pregar”, é “abordar”. Nesse sentido, todos pregamos, quase sem exceções.

Gosto de escrever sobre bobagens que tornam a vida mais leve, mas também gosto de escrever sobre temas fundamentais que são frutos de muita pesquisa. Há quem afirme que são temas polêmicos e isso já é uma polêmica por si só, pois as opiniões divergem muito quanto a isso. Encaro temas reflexivos como algo saudável, e nesse caso, por que haveria eu de deixá-los de fora?

Um dos e-mails que recebi, foi de um amigo muito especial com o qual venho me correspondendo. Nem mesmo sei se ele pode avaliar a alegria que senti ao ler as suas palavras! Ele escreveu em parte: “Em relação aos (seus) posts a minha opinião sincera é que podem ajudar pessoas sinceras de mente aberta e com ausência de preconceito a avaliar os assuntos sob um outro prisma.”

Sua opinião sincera me levou a concluir que, mesmo de uma maneira inconsciente, escrevi aquelas matérias endereçadas à pessoas especiais. E de pessoas especiais, como escreveu certa amiga, a blogosfera tá assim ó.

Mas tem aquelas “não tão especiais ”. É sobre essas pessoas que eu quero falar agora.

Por muitos anos tenho aqui em casa uma “secretária” que não deixa meus dias se tornarem monótonos. Eu adoro suas histórias repletas de amenidades, mas que nas entrelinhas, sempre trazem um fundo de verdade. Como sou uma pessoa reflexiva, e isso não tenho como evitar, não deixo passar NADA em brancas nuvens.

Volta e meia ela me dizia bem assim mesmo: Sabe, Dona Sueli, eu odeio gente que ‘se acha’.

Outro dia, porém, eu perguntei-lhe: E o que é ‘gente que se acha’?

A resposta foi inusitada: É gente que se acha o paio da feijoada. rsrs

Imediatamente me lembrei de uma amiga do meu tempo de colégio: essa certamente se acha o paio de todas as feijoadas do mundo! Eu já tinha ouvido não sei onde uma frase bem parecida: “Se eu não posso ser o paio, o feijão também não quero ser”rsrs.

Mas a explicação tão peculiar da parte dela me fez entender que ela falava de arrogância.

A definição para arrogante, segundo alguns dicionários, é: soberbo, altivo, orgulhoso, insolente e pretensioso – características próprias de pessoas que se julgam melhores em tudo e nos olham sempre de cima, numa posição de superioridade. Elas simplesmente não conseguem enxergar nos outros qualidades como a inteligência, o conhecimento, a sabedoria... E se alguém demonstra essas qualidades ao expor suas idéias, já é uma ofensa. A hipotética possibilidade de penetrar nas idéias alheias, então, é um cavalo de batalha.

Mas é bom não confundir arrogância com determinação.

É interessante notar que no dicionário da língua portuguesa, a palavra “determinação” tem como um dos sinônimos a palavra “coragem”. Uma pessoa corajosa jamais irá encarar uma mudança de idéia como fraqueza ou falta de inteligência, e às vezes pode ser um acerto e não um engano.

É claro que existem critérios rígidos a serem seguidos para mudarmos nosso conceito sobre esse ou aquele assunto importante. E quanto mais importante for, mais cuidadosos devemos ser. Há de se fazer cautelosa investigação fundamentada através da lógica – e saber fazer comparações. Além de seres pensantes, somos dotados de muita sensibilidade. Basear nossos conceitos em fatos incontestáveis, e não em teorias, pode ser fundamental na maneira como vamos conduzir as nossas vidas – tão passageiras.

Mas a determinação tem que vir junto com a humildade e nunca numa parceria com a arrogância. Só assim poderemos manter nossa mente aberta e ter um “coração inclinado” a fazer ajustes na nossa maneira de pensar, se for o caso. Foi exatamente isso que aconteceu comigo: fiz ajustes significativos na minha maneira de pensar que foi muito além de uma mudança de opinião banal como acontece corriqueiramente.

Quero deixar claro aqui que sou totalmente a favor da liberdade de expressão. A pluralidade de opiniões é que nos fornece a matéria prima suficiente para uma avaliação se estamos, ou não, no caminho certo. Entretanto, a tal da arrogância tem que estar fora desse quadro. No lugar dela devemos colocar a “peneira” – e usá-la com sabedoria. Do contrário, não há pluralidade que dê jeito. Não há esforços que valha a pena, por mais bem intencionados que sejamos. Por que tem a questão do preconceito com aqueles que pensam de maneira diferente.

O arrogante não tolera pessoas que pensam diferente dele, e quer contestar a qualquer preço, mesmo que isso contrarie os fatos. Ele coloca no automático e segue em frente e passa por cima da reflexão. Não estou falando em impor opiniões, falo em propô-las e abrir um leque saudável para debates construtivos; e de preferência, que sejam em alto nível. Podemos perfeitamente tratar tudo como uma feijoada light – como a que tenho feito para o meu marido com problemas cardíacos, onde o paio fica de fora... Porém... pessoas que se acham “o paio” da feijoada dificilmente irão aprender a ouvir “as batidas do coração” dos seus semelhantes e entendê-las. Agem como se estivessem ouvindo uma música em idioma desconhecido: faz “cócegas aos ouvidos”, mas não a compreende.

Ouvir, nesse sentido que eu coloco, não significa de maneira nenhuma, aceitar: significa simplesmente ser “o feijão”.

Acho que agora eu estou falando de respeito. Mas não há mais respeito quando tudo se torna tão competitivo como uma espécie de queda de braços. Isso pode resultar numa batalha onde só há perdedores.

A “minha feijoada” não é um prato que se come frio como a vingança. É um prato que se come quente, como aqueles que a gente sabedoria nas noites frias de inferno: aqueles que aquecem até a alma. Pelo menos é isso que penso oferecer com minhas “escrivinhações”.

E, principalmente, gosto de saber que os amigos não se sintam obrigados a comentar os meus posts. Da mesma forma que eu não me sinto em comentar os deles. Se comento, é por que gostei muito ou tenho algo de bom a dizer. Caso contrário, não comento e saio como se nada tivesse acontecido. Às vezes extrapolo nas piadas, mas esta sou eu – transparente e verdadeira.

É com muita transparência que compartilho das minhas idéias com vocês.
Mas eu posso estar redondamente enganada, e se estiver, eu vou acabar descobrindo. Afinal, me considero o feijão e não o paio.