“O sonho encheu a noite. Extravasou pro meu dia. Encheu minha vida e é dele que eu vou viver. Porque sonho não morre” (Adélia Prado)

13 de jul. de 2010

Dinheiro não traz felicidade



Será totalmente verdadeiro este dito popular? Será que o dinheiro é de todo ruim e não pode nos proporcionar relativa felicidade? Este é um assunto que tem dois lados da moeda.
É tudo uma questão de ponto de vista. Não sejamos hipócritas em dizer que o dinheiro não compra uma boa parcela de felicidade. Quem de nós não se sente feliz em poder pagar um bom plano de saúde? Morar com dignidade, ou proporcionar uma boa educação para os filhos?

Eu poderia citar milhares de felicidades que o dinheiro pode comprar e ainda seria pouco. A questão é qual será a nossa relação com o dinheiro para que ele nos proporcione genuína felicidade. Tudo é uma questão de caráter, sabedoria e preparo de quem o possui – e mais sabedoria ainda para aqueles que não o possuem; aqui a criatividade é fundamental.

A frase correta deveria ser: “dinheiro não é garantia de felicidade, mas... sem ele também não”.

É verdade que existem pessoas que se sentem felizes mesmo em extrema pobreza: isto já rendeu até matéria para o Globo Repórter. São pessoas que sentem uma felicidade interior na qual nem elas souberam explicar a razão. Mas, um detalhe ficou evidente: são pessoas dotadas de fé e esperança de dias melhores.

Uma coisa ninguém pode negar: todo mundo quer ser feliz, com ou sem dinheiro. Nem bem começamos a dar os primeiros passos e já começa a largada sem freio em busca da tal felicidade.

Outro dia recebi um e-mail que tratava justamente deste assunto: a busca pela felicidade. E no final, arrematava com a seguinte frase: “Não tenha medo de abrir tuas cortinas e verás flores e borboletas na transparência de um novo dia...” Lindo, não é mesmo?... Sim, mas não pude evitar um pensamento naqueles que moram em favelas e becos, que ao abrirem suas cortinas, (se é que têm uma!) verão apenas esgoto à céu aberto, e não flores e borboletas.

E por falar em “sabedoria para com o dinheiro”, lembrei-me agora deste crime bárbaro envolvendo o Bruno – goleiro do Flamengo. Creio que o país todo está se perguntando o que levou um jovem tão privilegiado, que pulou da pobreza à fortuna num piscar de olhos, a cometer um ato aterrorizante como este – um tremendo boçal o que ele é, se for realmente culpado.

A culpa é do dinheiro”, estão dizendo alguns. Será mesmo que o dinheiro é culpado por este tipo de atitude?... De maneira nenhuma! A culpa é das pessoas que não estão preparadas psicologicamente para mudanças tão radicais. Ele não soube lidar com a fama e a fortuna. Ironicamente, coisas que parecem tão boas.

O que mais me chamou a atenção quando vi os noticiários pela TV, foi quando ele, o principal suspeito de mandante do crime, estava sendo conduzido ao IML fazer exame de corpo de delito: carregava uma bíblia nas mãos. Desculpem-me, mas isto é hilário!

A bíblia, assim como o dinheiro, devem ser coisas a ocupar seus devidos lugares nas nossas vidas. A bíblia nos qualifica para uma vida melhor com seus conselhos sábios: orienta-nos, disciplina, encoraja e consola com genuína esperança. Não é, no entanto, um amuleto que nos trará sorte nas horas de apuro. Ela não vai nos salvar, ou nos safar de atos que cometemos. Ela não faz milagres. É apenas papel, e quando fica velha, jogamos fora e compramos uma nova.

Aparecer em público carregando-a como tem feito as pessoas em apuros, nem mesmo comove (lembram do casal Nardoni?)

A bíblia tão pouco é desodorante para andar debaixo do braço. Nem peça de decoração para ficar aberta no livro de Salmos na sala de estar. O único proveito que podemos tirar dela é ler, pesquisar, entender e aplicar nas nossas vidas os valiosos ensinamentos ali contidos. São conselhos úteis até para aqueles que não acreditam nela. E tem conselho pra tudo, inclusive de como lidar com o dinheiro. Eclesiastes 7:12 diz o seguinte: “ Pois a sabedoria é para proteção. Assim, como o dinheiro é para nossa proteção; mas a vantagem do conhecimento é que a própria sabedoria preserva vivo os que a possuem”.

Não é este um bom conselho?

Sim, o dinheiro é para nossa proteção e não para nossa destruição. Ele é fundamental, necessário, mas não deve ocupar o primeiro lugar na nossas vidas; não deve figurar antes da verdadeira sabedoria que vem de Deus. Se ele ocupar seu devido lugar, e se este lugar for bem calibrado com toda sabedoria adquirida, poderá sim, nos proporcionar inúmeras felicidades.

10 comentários:

  1. Oi querida.
    Estou aqui aproveitando a sua visita no meu blog!!! Durante o dia é tão dificil a gente parar um pouquinho não é?

    Pois bem, falando do seu post, concordo com vc em gênero, número e grau.
    Devemos saber usar o dinheiro para sermos mais felizes com conforto e saúde mas, sem nos tornarmos escravos dele e associarmos ao dinheiro a nossa felicidade.
    Lindas palavras!

    Bjo grande

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  2. Olha... olha, olha só! Que grata satisfação! Mais uma casinha pra eu fuçar! Que delicia! Que bonita! E decorada com inteligência!Hummm, venho fazer um lanche aqui, quando estiver sem o maldito (ou bendito?) dinheiro! bjs!

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  3. Destesto quando ouço alguém falar que não gostaria de ganhar sozinho na mega sena pois é muito dinheiro e não ia saber como gastar se é muito doa a metade para uma instituição de caridade se mesmo assimachar que ficou com muito vai doando mais metades o importante é saber que você é dono do dinheiro e não o dinheiro dono de você!

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  4. Belas palavras, belo texto
    Congratulações.
    Beijos
    boa semana
    PAULO

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  5. Sueli: quando ouço que dinheiro não traz felicidade logo penso: então experimente viver sem ele! O negócio é não fazer do dinheiro o nosso Deus, a salvação para todos os nossos males. O dinheiro mal usado, a ganância, o exibicionismo, a insegurança do ser humano que é o problema, não a moeda. A moeda compra o que necessitamos, mas compra muito mais o supérfluo para a ostentação. Com ele, fugimos de nossos complexos, de nossas fraquezas, de nós. E cada vez pior, pois vivemos numa sociedade de mentira, onde a autenticidade das pessoas fica perdida, esquecida. A moeda, ou o dinheiro, tanto faz, sempre fez a desgraça do homem que esteve e está em busca do exibicionismo, quando exagerada, é claro. A força não deveria estar no dinheiro, foi canalizada para o lugar errado.

    Então não comungo desse negócio de que o dinheiro não traz a felicidade: felicidade ele traz até certo ponto, depois, atrapalha, nos adoeça e nos mata É o legítimo rolo!

    Beijão, ótimo texto, dá pano pra manga...
    Tais luso

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  6. P/ Tais

    Amiga, grata pelo teu comentário tão cheio de veracidade.
    Gostei quando citou as palavras “ganância”, “exibicionismo” e “insegurança”.

    Vejo a ganância como uma doença corrosiva que tira o melhor da vida. Pessoas gananciosas são extremamente infelizes, não confiam em ninguém, não sabem que “há mais prazer em dar do que em receber”, não tem paz, vivem em função de acumular mais e mais bens materiais, e a protegê-los.

    O exibicionismo demonstra quão vazias são: quem não tem nada em seu interior, tem que “exibir” o exterior. Pessoas que se preocupam em demasia com o exterior acabam ficando “trancafiadas” pelo lado de fora de si mesmas.

    A insegurança vem da falta de auto-estima, e a culpa disso é da sociedade podre e fútil que vivemos que só valoriza e favorece os endinheirados. De fato o dinheiro abre muitas portas, premia com o respeito, compra uma porção de “amigos” e pode comprar até o “amor verdadeiro”.

    Em resumo: dinheiro em abundância dissociado da sabedoria leva o sujeito a viver uma vida de mentiras. São tantos os aspectos e os lados destas questões que poderá me render muitas crônicas, ainda. Com esta, desejei apenas, mostrar a falha e o despreparo do ser humano em administrar a própria vida à parte da sabedoria “maior”.

    Desejei mostrar, também, a dificuldade que todos têm de reconhecer esta falha e despreparo quando dizem “a culpa é do dinheiro”.

    Dinheiro: ainda que muito, não justifica. O homem considerado o mais rico que já existiu sobre a face da terra, disse: “Não me dê nem pobreza e nem riqueza: dê-me SABEDORIA”. Ele foi agraciado com as duas coisas: riqueza e sabedoria. E foi a sabedoria que o levou a considerar-se, apesar de toda sua fortuna, tão “pequeno como um grão de areia”. Ele tinha plena consciência que o bem mais precioso que possuía – a vida – não vinha da sua riqueza. Sua humildade foi tanta que “toda sua glória” foi registrada pelos “outros”. Mas foi ele quem deixou registrado seus próprios pecados.

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  7. Amiga, o dinheiro é muito bem vindo no meu bolso e me traz muita felicidade, sim, quando chega. Eu adoro o dinheiro!!! Faço questão de declarar isso em público. Não existe situação para mim em que ele não seja muito querido.Eu realmente acho hipócrita quem diz que não dá a mínima para ele (a não sre que seja um mendigo voluntário e assumido). Beijão!

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  8. Ja disse alguem entigamente que agora não lembro quem " o diheiro é bom escravo mas péssiomo mestre" , ou seja, use o dinheiro para coisas boas, não seja usado por ele,certo? O dinheior não faz bem nem mal, Quem faz são as pessoas

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  9. Ja disse alguem entigamente que agora não lembro quem " o diheiro é bom escravo mas péssiomo mestre" , ou seja, use o dinheiro para coisas boas, não seja usado por ele,certo? O dinheior não faz bem nem mal, Quem faz são as pessoas

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  10. Sueli, vim aqui em seu texto descobrir se dinheiro não traz mesmo a felicidade... rsrsrs E o que encontrei? Pérolas de sabedoria, conselhos inspirados de uma pessoa muito lúcida, muito sensata!

    Primeiramente, sobre o dinheiro: não traz felicidade... compra! rsrsrs E essa compra não é de todo ruim, é necessária! A riqueza não é um mal, tantas pessoas bem-sucedidas e generosas existem entre nós! A avareza, sim, é um problema, e essa existe em todas as camadas sociais... há quem tenha muito e doe de coração e quem tenha pouco e ainda assim seja egoísta e mesquinho!

    Finalmente, sobre a Bíblia: seria exagero dizer que você traduz meus pensamentos em palavras? Pois é isso mesmo, penso igualzinho no que diz respeito ao "uso" da Bíblia! De que adianta carregá-la para cima e para baixo, ou então em situações de desespero?! Como se o caráter sagrado do livro estivesse em seu peso... Muitas vezes, vemos páginas amareladas abertas sobre a estante, abençoado a casa... Será?! O único valor desse precioso livro está em seus conselhos, se forem aplicados! De outra maneira, a Bíblia não salva ninguém, não é útil hoje em dia nem sequer para alcançar a comoção pública, pois essa história de suspeitos ou apenados portarem-na para cima e para baixo já virou piada velha...

    Minha querida amiga, você deu um show de sensatez neste texto, aumentando ainda mais minha admiração por ti e confiança em teu caráter e integridade. Que pessoa sóbria e lúcida você é! Receba um grande abraço e o meu carinho, beijos.

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Sejam bem vindos! Sintam-se a vontade. Comentem, digam o que pensam. Podem rodar a baiana, só não cutuquem a onça com vara curta, ok?... rs