“O sonho encheu a noite. Extravasou pro meu dia. Encheu minha vida e é dele que eu vou viver. Porque sonho não morre” (Adélia Prado)

10 de set. de 2011

Príncipe Encantado existe, sim...


Olá meus queridos amigos!

Saudadona de vocês, viu... Peço desculpas pela minha ausência.
Por motivo de força maior não tenho postado e visitado os amigos com a mesma freqüência de antes. Sempre dizemos que o motivo é de ‘força maior’ toda vez que não queremos dar maiores explicações rsrs. No meu caso é que não quero me tornar repetitiva.

Embora esteja dando um tempo na blogosfera, resolvi escrever no blog hoje por que é um dia muito especial pra mim... Hoje está completando 40 anos que eu trombei com o meu príncipe encantado! Ele chegou num cavalo branco, raptou-me em sua garupa e roubou o meu coração...

Ok, a parte do cavalo branco é delírio, mas o resto é verdade rsrs.

Ele também não chegou num fusquinha branco porque nem tinha idade para dirigir. Tinha acabado de completar 16 anos, era só um menino de cabelos encaracolados e olhos brilhantes...

E mentiroso, disse que tinha 18, e eu acreditei, pois tinha cara e porte de 18. Ele nem precisava ter mentido, me apaixonei tão imediatamente quanto permitiu minha insanidade juvenil.

Eu, que já tinha 17, era um tipo de versão antiga da Patricinha da atualidade. Às vezes chamada de Barbie. Segundo ele, foi isso que mais o atraiu, mas teve um cupido nessa história. Melhor dizendo, foram dois cupidos: minha mãe e a pipoca.

Se eu acreditasse em destino diria que tudo naquele sábado conspirou para que nos encontrássemos. Minha mãe me obrigou a acompanhá-la numa visita aos futuros sogros do meu irmão, quando eu queria mesmo era sair com as minhas amigas... Ela nunca fazia isso! Chegando lá, o irmão da noiva do meu irmão pediu para eu ir num cineminha fulero segurar vela pra ele e a namorada. Pensei em recusar, mas minha mãe disse que eu não estava sendo educada e insistiu que eu fizesse companhia ao casalzinho, visto que a mãe da moça não permitia que ela saísse sozinha com o namorado.

Eu nunca tinha ido naquele cinema, apesar de ficar bem próximo à minha casa. Mais próximo ainda ficava da casa dele. Hoje fico pensando em quantas vezes estivemos perto um do outro, sem saber, ao longo de toda nossa infância e adolescência, já que morávamos tão perto e tínhamos praticamente os mesmos amigos. Sei lá, a vida é mesmo engraçada...

Engraçado foi o fato de eu ter me produzido toda pra sair com a minha mãe. Até parece que pressenti que aquele dia seria especial quando decidi vestir meu taier cor-de-cenoura que acabara de buscar na costureira. Eu tinha visto numa revista alemã de moda, a Burda, que a saia midi era a última moda na Europa. Presumi que logo chegaria ao Brasil e me antecipei: comprei um corte de lã e levei para costureira.

Confesso que me senti como alguém vinda de Marte, com tantos olhares que atraí quando saí na rua com aquela sai comprida até o meio da canela. O ano era 1971 e a moda não era tão democrática como é hoje. Todas as meninas usavam mini-saia, era uma febre e nenhuma delas estava disposta a descer nem um milímetro da bainha!... Será que alguém vai se lembrar disso?...

Pensando melhor agora, eu não poderia passar despercebida mesmo... Nem pra ele que ainda é um poço de distração nessas questões de vestimenta feminina. Mas ele me disse depois que me achou ‘diferente’, ‘elegante’... e beeeeeem mais velha do que ele, por isso aumentou sua idade rsrs.

Talvez tenha sido os meus longos cabelos presos num coque no alto da cabeça... Ou talvez os meus sapatos de salto alto de verniz preto. Ou talvez o conjunto todo.

Eu ficaria horas aqui descrevendo os pormenores daquele dia, mas vou direto ao que interessa:

O filme não prestava, a pipoca tava salgada e eu não estava a fim de segurar vela pra ninguém. Fui dar um rolê pelos corredores, procurar um lixo pra jogar aquela pipoca. Alguém falou na semi-escuridão: ‘estou com uma vontade tão grande de comer pipoca’.

Eu parei e me virei em direção à voz. Um clarão do filme aconteceu bem naquele momento e nossos olhos se cruzaram. Eu caminhei até ele e depositei o saquinho todo dentro das suas mãos em concha. Dei a ele toda aquela pipoca salgada. Mas também dei o meu sorriso mais doce. Em troca ele me deu um passado, presente e um futuro de plena felicidade... Deu-me uma linda história de amor... e filhos maravilhosos.