
Antes de tudo, quero agradecer imensamente a todos os amigos que comentaram nos dois últimos artigos que postei!
Foi bom demais poder notar que os comentários partiram de pessoas que realmente leram. Agradeço, também, os e-mails prá lá de especiais que recebi. (houve dois nada especiais rsrs). Fiquei imensamente feliz e aliviada ao mesmo tempo com o tipo de sentimento que despertei na maioria dos leitores.
De início, confesso que fiquei um pouco receosa em abordar um tema tão profundo como esse. Sei que quando falamos em Deus com as pessoas, e ainda por cima, o colocamos no centro de tudo na qualidade de Criador, é impossível agradar a gregos e troianos – mesmo dentre aqueles que afirmam acreditar Nele. E como era de se esperar, foi isso que aconteceu. Mas com uma ínfima minoria, felizmente. Além do mais, corre-se frequentemente o risco de sermos mal interpretados, ou tachados de pregadores chatos, ou ainda, fanáticos.
Não é o meu caso, não sou fanática, nem mesmo uma pessoa religiosa, eu sou. E também, não frequento e nem levanto nenhuma bandeira dessa ou daquela igreja.
Lembro ainda, que um dos sinônimos da palavra “pregar”, é “abordar”. Nesse sentido, todos pregamos, quase sem exceções.
Gosto de escrever sobre bobagens que tornam a vida mais leve, mas também gosto de escrever sobre temas fundamentais que são frutos de muita pesquisa. Há quem afirme que são temas polêmicos e isso já é uma polêmica por si só, pois as opiniões divergem muito quanto a isso. Encaro temas reflexivos como algo saudável, e nesse caso, por que haveria eu de deixá-los de fora?
Um dos e-mails que recebi, foi de um amigo muito especial com o qual venho me correspondendo. Nem mesmo sei se ele pode avaliar a alegria que senti ao ler as suas palavras! Ele escreveu em parte: “Em relação aos (seus) posts a minha opinião sincera é que podem ajudar pessoas sinceras de mente aberta e com ausência de preconceito a avaliar os assuntos sob um outro prisma.”
Sua opinião sincera me levou a concluir que, mesmo de uma maneira inconsciente, escrevi aquelas matérias endereçadas à pessoas especiais. E de pessoas especiais, como escreveu certa amiga, a blogosfera tá assim ó.
Mas tem aquelas “não tão especiais ”. É sobre essas pessoas que eu quero falar agora.
Por muitos anos tenho aqui em casa uma “secretária” que não deixa meus dias se tornarem monótonos. Eu adoro suas histórias repletas de amenidades, mas que nas entrelinhas, sempre trazem um fundo de verdade. Como sou uma pessoa reflexiva, e isso não tenho como evitar, não deixo passar NADA em brancas nuvens.
Volta e meia ela me dizia bem assim mesmo: Sabe, Dona Sueli, eu odeio gente que ‘se acha’.
Outro dia, porém, eu perguntei-lhe: E o que é ‘gente que se acha’?
A resposta foi inusitada: É gente que se acha o paio da feijoada. rsrs
Imediatamente me lembrei de uma amiga do meu tempo de colégio: essa certamente se acha o paio de todas as feijoadas do mundo! Eu já tinha ouvido não sei onde uma frase bem parecida: “Se eu não posso ser o paio, o feijão também não quero ser”rsrs.
Mas a explicação tão peculiar da parte dela me fez entender que ela falava de arrogância.
A definição para arrogante, segundo alguns dicionários, é: soberbo, altivo, orgulhoso, insolente e pretensioso – características próprias de pessoas que se julgam melhores em tudo e nos olham sempre de cima, numa posição de superioridade. Elas simplesmente não conseguem enxergar nos outros qualidades como a inteligência, o conhecimento, a sabedoria... E se alguém demonstra essas qualidades ao expor suas idéias, já é uma ofensa. A hipotética possibilidade de penetrar nas idéias alheias, então, é um cavalo de batalha.
Mas é bom não confundir arrogância com determinação.
É interessante notar que no dicionário da língua portuguesa, a palavra “determinação” tem como um dos sinônimos a palavra “coragem”. Uma pessoa corajosa jamais irá encarar uma mudança de idéia como fraqueza ou falta de inteligência, e às vezes pode ser um acerto e não um engano.
É claro que existem critérios rígidos a serem seguidos para mudarmos nosso conceito sobre esse ou aquele assunto importante. E quanto mais importante for, mais cuidadosos devemos ser. Há de se fazer cautelosa investigação fundamentada através da lógica – e saber fazer comparações. Além de seres pensantes, somos dotados de muita sensibilidade. Basear nossos conceitos em fatos incontestáveis, e não em teorias, pode ser fundamental na maneira como vamos conduzir as nossas vidas – tão passageiras.
Mas a determinação tem que vir junto com a humildade e nunca numa parceria com a arrogância. Só assim poderemos manter nossa mente aberta e ter um “coração inclinado” a fazer ajustes na nossa maneira de pensar, se for o caso. Foi exatamente isso que aconteceu comigo: fiz ajustes significativos na minha maneira de pensar que foi muito além de uma mudança de opinião banal como acontece corriqueiramente.
Quero deixar claro aqui que sou totalmente a favor da liberdade de expressão. A pluralidade de opiniões é que nos fornece a matéria prima suficiente para uma avaliação se estamos, ou não, no caminho certo. Entretanto, a tal da arrogância tem que estar fora desse quadro. No lugar dela devemos colocar a “peneira” – e usá-la com sabedoria. Do contrário, não há pluralidade que dê jeito. Não há esforços que valha a pena, por mais bem intencionados que sejamos. Por que tem a questão do preconceito com aqueles que pensam de maneira diferente.
O arrogante não tolera pessoas que pensam diferente dele, e quer contestar a qualquer preço, mesmo que isso contrarie os fatos. Ele coloca no automático e segue em frente e passa por cima da reflexão. Não estou falando em impor opiniões, falo em propô-las e abrir um leque saudável para debates construtivos; e de preferência, que sejam em alto nível. Podemos perfeitamente tratar tudo como uma feijoada light – como a que tenho feito para o meu marido com problemas cardíacos, onde o paio fica de fora... Porém... pessoas que se acham “o paio” da feijoada dificilmente irão aprender a ouvir “as batidas do coração” dos seus semelhantes e entendê-las. Agem como se estivessem ouvindo uma música em idioma desconhecido: faz “cócegas aos ouvidos”, mas não a compreende.
Ouvir, nesse sentido que eu coloco, não significa de maneira nenhuma, aceitar: significa simplesmente ser “o feijão”.
Acho que agora eu estou falando de respeito. Mas não há mais respeito quando tudo se torna tão competitivo como uma espécie de queda de braços. Isso pode resultar numa batalha onde só há perdedores.
A “minha feijoada” não é um prato que se come frio como a vingança. É um prato que se come quente, como aqueles que a gente sabedoria nas noites frias de inferno: aqueles que aquecem até a alma. Pelo menos é isso que penso oferecer com minhas “escrivinhações”.
E, principalmente, gosto de saber que os amigos não se sintam obrigados a comentar os meus posts. Da mesma forma que eu não me sinto em comentar os deles. Se comento, é por que gostei muito ou tenho algo de bom a dizer. Caso contrário, não comento e saio como se nada tivesse acontecido. Às vezes extrapolo nas piadas, mas esta sou eu – transparente e verdadeira.
É com muita transparência que compartilho das minhas idéias com vocês.
Mas eu posso estar redondamente enganada, e se estiver, eu vou acabar descobrindo. Afinal, me considero o feijão e não o paio.