
Quando coloquei o título desse blog de Crônicas e Agudas foi propositadamente: eu sabia que, eventualmente, teria que postar aqui coisas entaladas na minha garganta.
Nesses dias andei me questionando até onde eu posso ir com minha liberdade de expressão sem constranger os meus amigos. Cheguei a conclusão que apesar de eu ter esse direito assegurado pela Constituição, quando se trata dos meus amigos eu prefiro a frase do Apóstolo Paulo que diz: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
Quando Paulo escreveu essa frase na sua primeira carta endereçada aos cristãos de Corinto, ele falava de comportamento.
Considero esse um bom conselho que pode ser aplicado na minha vida diária, principalmente em meus relacionamentos na internet. Fazer pleno uso dos meus direitos pode vir a causar certo mal-estar nas pessoas. Expor as minhas ideias, sim, mas com o devido respeito que todos merecem.
Expor nossas ideias, levantar bandeiras, pleitear uma causa, tudo bem, é nobre, mas o que vem ocorrendo nas redes sociais é uma verdadeira avalanche de tentativas de lavagem cerebral!... Pessoas se apegando a um tema compulsivamente e publicando-o, incessantemente, a todo o momento, sempre batendo na mesma tecla, ten!ten!ten!...
É assim mesmo, com todo esse exagero!... Abrimos nossa página e nos deparamos com aquela sequência infinita de informações repetitivas, entediantes...
E o que era para ser eficiente, passa a ser enjoativo como um doce com muito açúcar que ninguém aguenta mais do que duas colheradas! Sim, porque tudo que é demais enjoa e surte efeito contrário.
Já disse e repito em letras garrafais que APROVO TODA E QUALQUER CAUSA SOCIAL – e não é isso que me incomoda. Incomoda-me o fato de me deparar todo santo dia com fotos chocantes de animais estropiados, cadáveres de bebês comidos de formigas, acidentes automobilísticos com vítimas despedaçadas...
Há tantas coisas interessantes para compartilhar com os amigos: um show legal que a gente descobriu, um evento cultural, uma noticia de primeira mão, os banners engraçados que todos curtem... Será que não dá para diversificar, intercalar as desgraças do mundo com coisas prazerosas?
Acho uma tremenda sacanagem bloquear amigos, mas não tive alternativas para preservar minha sanidade mental.
A última foto que vi foi de um lindo cavalo amarrado numa posição torturante! Havia uma legenda explicando que é daquela maneira que eles são treinados para o hipismo. Eu já nem sei mais no que acreditar, torço para que seja mentira, apenas mais uma de algum fanático paranoico.
Facebookianos, na boa, essas imagens não muda a consciência de ninguém! A prova disso são aquelas fotos grosseiramente montadas no verso dos maços de cigarros.
Eu tenho todos os motivos do mundo para estar engajada nas causas de crianças abandonadas e doações de órgãos – e estou. Estou envolvida até a raiz do cabelo, mas aqui fora, na minha vida real. Eventualmente, m u i t o e v e n t u a l m e n t e, eu publico um bannerzinho bem discreto sobre as minhas causas. Os amigos leem, curtem, comentam, e pronto, ACABOU! Não pretendo incomodar meus amigos com minhas ideias, que, afinal, são minhas.
- Ahhhhh, mas a internet tem força, derruba até governos! – dirão alguns.
Helôuuuuuu, amiguinho! Estou falando de rede social, um troço que foi inventado primariamente para se fazer amigos, e esse teria que ser nosso principal objetivo, e não adicioná-los para depois afastá-los com nossas chatices. Queremos que nossos amigos se emocionem e se divirtam com nossas publicações ou queremos incomodá-los?
Tenho na minha lista de amigos pessoas sérias que estão fazendo um trabalho lindo, equilibrado, em prol de causas sociais. Quando o meu coração pede, eu colaboro: com dinheiro, money, grana, que é o que interessa. Com Blábláblá nunca se conseguiu nada!
Gostaria de saber se essas pessoas que tanto cobram atitudes dos outros estão fazendo algo prático ou é só gogó.
Não pensem que estou escrevendo esse texto como indireta para uma pessoa específica, porque não estou!... Refiro-me a muitas pessoas, pois está havendo uma verdadeira epidemia de comportamentos dessa natureza no Facebook, e só resolvi tocar nesse assunto mais uma vez por ser a pauta do momento.
Não mando indiretas, é lá que eles mandam, e acabam ofendendo todos até a quinta geração! Eu já vesti carapuças suficientes para passar o resto dos meus dias no Polo Norte!... Estou muito confusa, já não sei se eu posso matar os pernilongos da minha casa sem crise de consciência. Não sei se posso matar uma barata, ou armar uma ratoeira, afinal, esses bichinhos também são seres vivos... ou não?
No meu modesto entender, todo excesso pode levar ao radicalismo, e ele é burro e muito perigoso, pois bloqueia o raciocínio lógico. Veja por exemplo o pensar dos vegetarianos: eles não conseguem diferenciar o abate de um animal de forma correta sem sofrimento, da tortura e do matar por matar.
Também não sei se há tanto radicalismo assim, afinal, vegetarianos já postaram receitas de bolo. Vou lá verificar se leva leite e ovos... Será que eles não pensaram na vaca, pobrezinha, naquele espaço minúsculo, com aquela máquina sugando-lhes as tetas?... E a galinha, coitadinha! Deve ser um sofrimento medonho botar ovos...
Será que eles não tem em casa cintos, bolsas e sapatos de couro?
Será que eles não tem em casa cintos, bolsas e sapatos de couro?
Santa hipocrisia!